sábado, 18 de agosto de 2007

A maldita escola dos meus (I)

A maldita escola dos meus

O berço do poeta, dizem eles,
Encanta, simplesmente encanta.
Encanto não vislumbro e a honra
Que associam ao meu berço
Nunca se me revelou familiar.
O que se passa?

As duas montanhas blindadas de pedra
Escamoteiam o mal radical;
Distorcem, à maneira dos filhos dos homens,
As inverdades que reclamam ser verdades.
E quando pergunto “de onde vos vem tal habilidade?”
“Aprendemos na escola dos teus” é a resposta habitual.

As colinas, despidas de pudor;
Lançam um olhar vulpino
Sobre o meu desconforto
Na esperança de me seduzir e ganhar
Para as fileiras da mentira e da inimizade.
Com honestidade apenas dizem: “tudo isto
Aprendemos na escola dos teus”.

Os vales secos de honestidade
Apressam-se a seduzir os recém-nascidos
E com destreza os apetrecham para lidarem
Com as acusações do poeta que lhes imputarão vexame.
Os vales, estes também se desculpam: “tudo isto
Aprendemos na escola dos teus”.

Não assimilando a escola dos meus;
Ensaio o rugir do felino plenipotenciário
Desconhecido das montanhas, das colinas e dos vales
Cativos da escola dos meus negados.
Vituperando os meus negados dizem
Que querendo ou não este é o meu berço.

Abisit. Ao poeta é conferido a virtus e a
Voluntas de escolher e modelar o berço e até de
Negar a escola dos seus.

3 comentários:

Eurídice Monteiro disse...

Oi Jairzinho

A magia da tua poesia desencadeou em mim, no momento, uma súbita explosão de idéias. Encontrei na expressão poética uma forma de as arrumar de forma inteligível (ou talvez não!... Depende da perspectiva).

“A dor das raízes” é o meu comentário instantâneo aos teus poemas “Maldita escola dos meus (I e II)”.

Bjs
Eury

Jairzinho Pereira (Jair) disse...

A dor das raízes de que falas só me traz a certeza de que a peregrinação interior é simul jucunda e dolorosa. É o confronto com o self. Gostei imenso do teu comentário delineado num dos mais fascinantes estilos literários que a alma humana alguma vez concebeu - o poético.

Anônimo disse...

A virtude, a vontade e o mais que preciso for. Nunca um poeta ficou por renascer.
Um beijo que as Ninfas do Mondego que me ajudaram a tecer...