terça-feira, 7 de outubro de 2008

Irmão Victor!

Um pedestal térreo, cortado,
ombreia com as montanhas,
capitaneia o vale ancorado;
canta os feitos e as façanhas
do instante e do esperado.
De Cachéu, dizem,
veio o irmão Victor.

Com espartana disciplina,
desagrada todos os gregos,
para os troianos não se inclina.
"Olhai e vede, não sejais cegos"
pouco fina, mesmo pouco fina
a voz que, sobrepondo o ceremonial,
vocifera " profundamente colonial".

Livre, estóico, quase peripatético;
solto, irmão, dado à amizade, bem querer;
ermitão, nas horas vagas, nada de ascético
eudaimonia é tudo o que quer.
Leal ao self e arrojado no desafio.
É o meu irmão Victor.

2 comentários:

Eurídice Monteiro disse...

O Victor merece essas lindas palavras! E muito mais... Já agora, a que propósito vem o poema? Pelo que eu sei, o Vick faz anos em Maio (?)... Ou são saudades do teu maninho?

Jairzinho Pereira (Jair) disse...

O poema foi escrito no dia em que ele defendeu a tese de mestrado. Ele não sabe da existência do poema. Um dia poderá vir a descobrir essas palavras por aqui. Ou, assim que puder dir-lhe-ei que a contumácia tem algo para ele. O Víctor é dos poucos cabo-verdianos por quem posso dizer nutrir uma grande admiração. Não é por ser perfeito (pois não é e, quando estamos juntos, a nossa disciplina estóica está sempre em risco...; coisa de homens)é por saber ser amigo.
Tenho o hábito de homenagear os meus amigos com as palavras (depois de o fazer por via mais pragmática que é a praxis, o acto). À Joana, uma das mais sublimes maravilhas que o Velho Continente me ofereceu dedico um dos meus poemas de que mais gosto "A menina de olhos pardos". Normalmente a tarefa é hercúlea, pois laudar a amabilidade dessa gente é confrontar a palavra com a impotência, a fraqueza ou até ignorância. É o confligere entre o signum e o signatum (o sinal e a coisa que representa). A palavra não gosta de ser ignorante. Quer saber expressar tudo, mas no reino da expressão, por vezes, impera o inefável. Nessas alturas a probidade recomenda um encostar no horizonte da existência e reflectir no sentido da compreensão a ponto da alma e o intelecto, o espírito e o entendimento se esclarecer entre si, aceitarem o facto de que ser cmpreendido passa por escutar.